Isso foi um resumo escolar de um trabalho meu em 2006 (7ªsérie - sem revisões):
Após a Conferência de Berlim, começaram as relações entre europeus e africanos. Em menos de três décadas várias nacionalidades européias já tinham conquistado mais de 90% de toda África. Essas mudanças causaram não apenas apropriações no dia-a-dia, nos costumes, na língua e na religião dos vários grupos étnicos que chegaram à África.
A conferência contou com a participação de 14 países para proclamar as regras de ocupação da África. A conferência não a dividiu em blocos coloniais, mas sim para atividades de europeus no continente com comércio livre, segundo Guy Vanthemsche.
Para garantir a propriedade de qualquer lugar do continente cada país tinha que ocupar de fato o quinhão almejado, ou seja, foi uma correria enorme para que se conseguir um território maior que o do próximo. “Em pouco tempo, com exceção da Etiópia e da Libéria, todo o continente ficou sob domínio europeu”, diz a historiadora Nwanda Achebe.
O interesse vem de muito tempo, antes da Conferência de Berlim. Desde o século 15 já havia países europeus conquistando algumas regiões. Por exemplo, Portugal conquistou Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e a Inglaterra ocupou partes da atual África do Sul e do Egito.
As trapaças foram um grande meio de se conseguir territórios. O maior trapaceiro era Leopoldo II, rei da Bélgica, que enganou africanos e europeus. A Bélgica não possuía recursos nem homens para ocupar terras. Então criou associações com a finalidade de “proteger” territórios como a cobiçada foz do rio Congo. Leopoldo dominou o Congo e com violência conseguiu extrair o máximo que pode para enriquecer a si mesmo.
O principal método era o de “dividir para dominar”. Apoiava-se um grupo étnico, que atacava outro grupo rival para dominá-los. O método utilizado provocou tensões que perduram até hoje. “Formações de grupos flexíveis e cambiantes foram mudadas para ‘estruturas étnicas’ bastante rígidas”, afirma Vanthemsche.
As fronteiras dos países africanos seguem, até hoje, em sua maior parte, as que foram estabelecidas durante o período colonial. Não respeitaram a disposição da população local e utilizaram arbitrariamente como limites entre territórios coloniais latitudes, longitudes, linhas de divisão das águas e o curso presumível de rios que mal se conheciam.
O Saara é o único caso de território africano que ainda não obteve a independência. Após ser abandonado pela Espanha, foi invadido pelo Marrocos. Houve resistência e a ONU busca até hoje organizar um plebiscito para que o povo decida seu destino.
A independência, longe de melhorar a situação dos africanos, foi a origem de outros conflitos sangrentos, envolvendo etnias rivais, com o apoio de países europeus.
As formações políticas e grupais eram muito mais fluidas e a variação lingüística era muito maior antes da era colonial. A chegada de missionários e a criação de escolas formais fizeram com que várias línguas e dialetos fossem selecionados para facilitar a tradução da Bíblia. Foram estabelecidas ortografias oficiais, criando facilidades para o grupo majoritário. Dialetos desapareceram, mas os grupos étnicos foram preservados. Surgiram grupos que se autodefiniram de outras formas, como os ibos da Nigéria e os ewes de Gana e de Togo.
Hoje o continente abriga boa parte dos países mais pobres do planeta. Inclui a tradição de administração de cima para baixo, burocracias que fornecem poucos serviços e um baixo senso de identidade e interesse nacional. O colonialismo produziu economias dependentes, monoculturistas e não integradas.
Conclusão
A situação atual dos países africanos pode ser atribuída à pressa que os colonizadores tiveram em transformar a realidade local. Isso fez com que o continente pulasse etapas importantes. Não se pode criar um sistema capitalista e Estados democráticos de um dia para o outro. Essa chance nunca foi dada aos africanos.
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